A História dos Vidros – parte 2

Este artigo é a continuação da fascinante história dos vidros! Anteriormente vimos como o vidro foi descoberto e como foram as primeiras formas de produzi-lo. Enfim veremos o restante dessa história.

Veneza – Centro da arte em vidro

Produção de escultura de vidros em Murano
Produção de vidro em Murano

Até hoje Veneza é conhecida pela sua indústria de vidros. No auge, até 8 mil pessoas trabalhavam em vidraçarias venezianas. A fim de proteger sua indústria, a importação de vidros foi proibida durante bastante tempo. Analogamente, fabricantes estrangeiros também não foram autorizados a trabalhar em Veneza. Posteriormente houve a transferência da produção para a ilha de Murano, o que por sua vez aumentou ainda mais o sigilo das artes do vidro.

Posteriormente outro importante centro também se desenvolveu em Altare, perto de Gênova, no século XIV. Isso se deu principalmente por conta dos restritos regulamentos de Veneza e Murano. A partir daí, os artesãos espalharam os processos de vidro e várias técnicas por toda a Europa, principalmente na França, a partir do século XVI.

Entre os séculos XV e XVII, a arte da fabricação de vidro de Veneza atingiu seu auge – tanto na produção quanto no acabamento.

Desenvolvimento na história dos vidros na Europa

Na Inglaterra, George Ravenscroft desenvolveu e patenteou o vidro cristal com óxido de chumbo em 1674. Ele foi contratado para criar uma alternativa ao cristal veneziano, que era feito com adição de potassa. Com o óxido de chumbo ele percebeu que o vidro podia alcançar grande brilho e resistência, bem como ser modelado e polido facilmente.

Quase ao mesmo tempo em Saint-Gobain os franceses desenvolveram o método de produção de vidro com rolos. Primeiramente eles distribuíam a massa de vidro fundido em uma mesa com rolos, de forma a obter vidro plano com espessura uniforme. Após o resfriamento era possível lixar e polir o vidro. Esse por sua vez ficava com a superfície espelhada. Posteriormente adicionava-se uma camada de metal para obter espelhos. A criação da Companhia de Saint-Gobain ocorreu nessa época para envidraçar e fabricar os espelhos do Palácio de Versalhes. Essa empresa existe até hoje, sendo agora uma empresa privada.

Forno de Friedrich Siemens que revolucionou a história dos vidros
Forno de Friedrich Siemens

Friedrich Siemens criou o primeiro forno com queima regenerativa em 1856. Ao longo dos anos, desenvolveu ainda mais os fornos para fabricação de vidro. Em 1868 Siemens desenvolveu um novo forno que por sua vez aumentou em 66 vezes a produtividade na produção de garrafas de vidro.

Assim, através da produção mecanizada, finalmente os vidros não estavam disponíveis somente para a camada mais rica da sociedade.

História dos vidros após a Revolução Industrial

A industrialização revolucionou a história dos vidros. O forno tanque de Siemens possibilitou a produção mecânica contínua. Graças à queima regenerativa era possível economizar energia bem como melhorar o controle de temperatura.

Alexander Mein e Howard M Ashley criaram a primeira máquina semi-automática de sobro para produção de garrafas. No entanto, ainda havia várias etapas de trabalho manual.

Em 1903 Michael Joseph Owens junto com E. D. Libby apresentou a primeira máquina de vidro totalmente automatizada. Dessa forma, elevaram a produção de garrafas para 9 por minuto.

De 1901 até 1959 tivemos diversas descobertas no mundo do vidro:

  • 1901: Emile Gobbe consegue produzir vidro plano por estiramento pela primeira vez.
  • 1905: Invenção do Método Fourcault por Emile Gobbe e Emile Fourcault. Produção de vidro por estiramento automático utilizando uma matriz cerâmica (debiteuse). Primeiramente uma fita de vidro fundido é puxada pra cima formando uma placa de vidro. Em seguida, pinças puxam a fita e depois ela passa por uma estrutura de rolos resfriadores. Então vai para o recozimento e corte, numa estação 20m acima do forno principal. As placas de vidro ficavam um pouco convexas e marcadas.
  • 1917: Método Colburn ou Libbey-Owens: ‘Iscas’ de metal colhiam o vidro fundido. Ergue-se o vidro a uma altura de 70cm e logo após passava por um rolo dobrador. Dessa forma o vidro seguia horizontalmente por uma estrutura de rolos para resfriamento e recozimento. Isso facilitava bastante o processo posterior de corte das chapas.
  • 1925: Método Pittsburgh: melhoria do método Fourcault, conferindo melhor qualidade óptica.
  • 1959: vidro Float.

O processo Float

Desenvolvido em 1959 por Pilkington, o processo float é o método atual de produção de vidros planos. Em síntese o princípio é baseado na flutuação do vidro em metal líquido. Dessa forma é possível produzir chapas com espessura uniforme, totalmente plano e sem distorções.

Etapas da produção de vidro. Fonte: Cebrace
Etapas da produção de vidro. Fonte: Cebrace

O processo de fabricação float compreende as seguintes etapas:

  • Fundição da matéria-prima
  • Derramamento do vidro fundido num banho de estanho derretido
  • Vidro derretido se espalha uniformemente por ser menos denso que o estanho
  • Polimento se dá através do próprio estanho na parte inferior e pelo calor na parte superior
  • Placa de vidro sai do banho de estanho e vai para o forno de recozimento
  • Velocidade de avanço do vidro determina a espessura final das chapas
  • Corte

Por fim, a partir do vidro float é possível obter todos os outros tipos de vidros:

  • Temperado
  • Laminado
  • Controle solar
  • Extra clear
  • Impresso
  • Acidado ou jateado
  • Insulado ou duplo

Referências:
Revista Vidro Impresso
Wissens Wertes: Woher kommt das Glas?
Vision 2 Form: Glas Geschichte
Cebrace