Hoje iniciamos uma seção nova aqui no nosso blog: janelas no cinema! Afinal quem não gosta de um bom filme, não é? Todo mês uma recomendação de filme sob aspecto de quem tem um olhar para janelas e arquitetura. Assim sendo, nosso primeiro filme será ‘O Homem Invisível’.
O Homem Invisível
O Homem Invisível foi lançado em fevereiro de 2020, com direção de Leigh Whannel e estrelando Elisabeth Moss. Assim como o clássico de 1933 é inspirado no personagem do livro de mesmo nome, de 1897, do autor H. G. Wells.
O filme é uma adaptação moderna de um personagem clássico em uma situação que é, infelizmente, muito comum: relacionamento abusivo. No papel de um parceiro violento e controlador Adrian Griffin é um cientista. A tecnologia utilizada no filme para aterrorizar sua vítima, a namorada Cecilia, mostra um lado sinistro de um possível futuro.
Sinopse ‘O Homem Invisível’
Em ‘O Homem Invisível’, quando o ex abusivo de Cecilia comete suicídio e deixa sua fortuna, ela suspeita que a morte dele foi uma farsa. Enquanto uma série de coincidências se torna letal, Cecilia trabalha para provar que está sendo perseguida por alguém que ninguém pode ver.
Crítica e desempenho
Com 2 horas e 4 minutos de duração, o filme teve um custo de produção estimado em 7 milhões de dólares. Mesmo assim, atingiu um valor bruto de $ 143.151.000,00. Com nota IMDb 7,1/10, tomatômetro de 92% e crítica do Adoro Cinema com 3 estrelas, tem um desempenho bem razoável. Surpreendentemente também teve um total de 84 nomeações com 43 vitórias.
Crítica pessoal: minha noiva e eu gostamos do filme. Consideramos uma boa releitura do clássico, com uma pitada bem moderna. Assim sendo, minha nota é 8/10. Como profissional de janelas, minha crítica vai para o isolamento acústico da mansão do vilão. Nas cenas internas dá pra escutar muito bem o mar. Em algumas cenas dá pra notar junta seca nos vidros, que nunca recomendamos por demandar manutenção e prejudicar o isolamento termoacústico. Certamente o áudio foi trabalhado para dar essa ênfase no barulho do mar nas cenas. Em uma mansão moderna com grandes áreas de vidro, certamente recomendaríamos o uso de vidro duplo para melhor isolamento termoacústico e conforto.
Fatos interessantes ou inusitados
- Os créditos no início do filme são invisíveis e só aparecem quando as ondas batem contra eles.
- Cecilia corta seu pulso em uma cena no banho porém logo depois não há mais sangue. O ferimento desaparece e só volta ao final do filme, coberto por uma bandagem.
- Na versão do Reino Unido o filme tem um corte de 3 segundos numa cena com sangue a fim de atingir o certificado para faixa etária 15.
- Apesar da história se passar em São Francisco, California, a filmagem ocorreu em Sydney, Austrália.
- As cenas externas da casa de Adrian Griffin são de uma mansão perto de Sydney, porém nenhuma cena interna foi filmada lá, já que a iluminação natural e os espaços abertos não foram considerados compatíveis com a estética sufocante pretendida.
- Iluminação moderna com linhas de LED adiciona um visual misterioso à mansão do vilão.
- A mansão aparenta ser um labirinto graças às técnicas de filmagem utilizadas. Assim o aspecto de cativeiro e do monstro escondido nas sombras fica mais evidente.
- No início do filme quando Cecilia foge da mansão podemos ver protótipos das invenções do cientista no laboratório.
- Ao final do filme a mesa está perfeitamente posta. Isso mostra mais uma vez que nada foge do controle do vilão invisível.
- Cecilia é arquiteta. Em uma cena do filme podemos ver alguns projetos dela.
- A mansão utilizada nas cenas externas está disponível para alugar. Isto é, se você estiver disposto a pagar $2.750,00 por diária. Disponível pela Dovecote.
Arquitetura presente no filme
Primeiramente, a arquitetura externa da casa chama nossa atenção. Grandes espaços, janelas amplas, a predominância de concreto. Inegavelmente esse ambiente remete ao que o personagem quer que a vítima sinta. Desse modo não há privacidade nos cômodos, não há sensação de segurança. De quase qualquer lugar você está visível, sendo vigiado, certamente controlado. Por fim, a opulência, frieza e força que a construção e a paisagem exalam, são quase palpáveis. Nessa adaptação, Cecilia é uma arquiteta, detalhe interessante para quem gosta de explorar e interpretar os cenários.
Nos momentos em que o filme se passa dentro da casa do personagem, certamente as janelas auxiliam a criar e direcionar as emoções que o espectador deve sentir. Na escuridão da noite, o mar revolto, as ondas quebrando audivelmente na praia a fim de gerar uma tensão para a cena, onde a vítima faz sua tentativa de fuga. Mais tarde, ao decorrer do filme, a vítima retorna à casa e a vemos a luz do dia, mas é uma luz fria que evidencia a distância e o isolamento da casa. De fato o mar aparece imóvel e cinza, temos a sensação de que se olharmos por muito tempo, ficaremos levemente anestesiados, tirando nossa atenção do perigo.
Enfim, a disposição e quantidades de janelas podem determinar muitas características de um projeto. Da maneira em que aparecem no filme, elas parecem evidenciar ainda mais os traços da personalidade do Homem Invisível, deixando bem claro que em nenhum momento a vítima deixa de ser observada e controlada.
Referências:
IMDb: The Invisible Man.
Rotten Tomato: The Invisible Man.
Adoro Cinema: O homem invisível.
Screenrant – 10 detalhes escondidos. Em inglês.
The Latch – Por dentro da casa do homem invisível. Em inglês.
Yahoo Finance – Mansão do homem invisível. Em inglês.
Dovecote – Headland